Eu vou fingindo que não me importo.



Todas as noites fazíamos da mesma forma. Eu, leigo, apaixonado e totalmente dependente fazia dela minha casa. Meu cobertor nessas noites frias. Ela lá e eu aqui. Escrevíamos um para o outro, trocávamos músicas, conhecimentos e livros. Nosso cotidiano era agitado, mas mais agitada ainda era a hora de dormirmos: Ela saía. Eu aguardava mais cinco minutinhos. Ela voltava, brigava comigo, me perguntava o por quê de eu estar ali ainda - Eu te amo - era sempre minha resposta pronta, certa, bonita.  Completávamo-nos. Eu me tornei tão descrente de tudo, das viagens, das bebedeiras, dos amigos passageiros, das promessas distantes, pois ela era meu mundo e me traria tudo isso e um pouco mais, em doses diárias de um humor ácido, percorrendo tpm's que eu adorava e principalmente aquele nosso momento mágico-óbvio-básico-perfeito-de-todas-as-noites na webcam. Eu me perdia no sorriso dela. Hoje, eu esperei os mesmos cinco minutinhos. Ela não voltou.

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