3rd
Engraçadas essas fotos espalhadas, em quadros meio tortos, nas paredes do meu coração. Sabe que, desde que o acaso nos encontrou, tem saudade sua espalhada por todo o lugar, revirando o os quadros, dos móveis, as certezas, e eu me vejo afoita, tentando atenuar com palavras a infindável vontade de presença.
Engraçado é que eu te esperava, ainda quando não imaginava esperar por alguém. Como quando eu ficava nas esquinas desses bairros, por aí, vendo casas bonitas, imaginando um futuro melhor, sem realmente acreditar que aconteceria da forma que sonhei. Eu te esperei, como quem imagina construir uma história delimitada com cercas brancas, discutindo finais de filmes casuais.
Engraçado, como cada vez que dá-se o sinal ao prego do relógio que me faz desassossegar de teu abraço, o peso do mundo volta aos meus ombros, ao longo da estrada.
Engraçadas as circunstâncias que nos uniram, à noite de um julho qualquer, insone, passei a recitar teu nome como cantoria aos ouvidos dos ébrios apaixonados.
Engraçado como a distância pouco perpassa nossas angústias, pois você se faz presença em cada ponto mal esclarecido de minha pouca idade.
Engraçado é o destino sendo engraçado com a gente, regulando meu sono ao passo da tua respiração ao meu ouvido madrugada a dentro.
Eu vou molhar teus cabelos na chuva de um agosto qualquer, enquanto junto do chão a rosa que caiu no despertar de teu abraço. Eu quero aprender o desassossego da tua cena.
Quero aprender você.
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