Planeta Marte (ou um ano de morar bonito)

 ela encasqueta e

enche a casa
abre a geladeira
e cria asas 
quando
cansada
toma a cerveja
de sempre
me deixa espreita
inquieta
fico à sombra
já que
é tua onda
que me leva
e quando
maremoto
maré mansa
não me espera

desmonta
me afoga
redobra
a saudade
da minha
metade
quando chega o
dia
a findar
aprendi contigo
a nadar sem
afogar
no mar inteiro
de mim
tua paciência
sem fim
me ensinou
a navegar

lembro quando
solta na cidade
sonhava
com a casa
e tu 
cheia de graça
chegava 
devagarinho
me amansava
e abrandava a
vida
com teu carinho
mensagem
de passagem
que
já mostrava
caminho

quem diria
a certeza virou
rotina
a poesia virou
alegria 
quando
chega da escola
e me conta 
dia
aproveita
que não há 
estudo
nisso tudo
e se deita
deleita
com o cheiro completo
de jasmim em flor
me ensinou
de novo
o que era amor
já nem sei 
mais
pra onde for
se não
te chamar
amor

a casa virou 
pintura
moldura de quadro
em exposição
explodiu nosso amor
em imensidão
e já não cabe em 
quarto
janela
mansidão
ou ano
gregoriano
virou
horizonte
sol no sofá
café na cozinha
torrada no 
início
do
dia
escova de dentes
na pia
filme de 
domingo
correria
quem chega primeiro?
nosso filho ou nossa filha?

passarinho 
com ninho na porta
alguma frase
meio torta
já vira letra
morta
quando o olho cai
em mim
assim
acho que
tu não sabe
o quanto mexe
com as montanhas
e infinitos
de mim
vira claridão
resposta 
abraço no 
espaço-tempo
em que
disposta
te deixo me embalar
e consentir
já não explico
nada
deixo que me veja
desnuda e calada
sem medo do
porvir

o vento
já bate na
varanda da casa
branca
e a parede
verde
do quarto
já carrega o teu
olho em mim
te digo, meu bem
a vida contigo
é arte
de planeta em planeta
chegamos
no planeta
marte
e percebo que
onde quer
que o medo
haja
haver á o
teu amor
que 
me 
encoraja
e me devolve
para 
casa



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