sobre a infinidade de sermos


                               



O que acontece é que meu cheiro já se misturou na tua roupa e o teu nos meus cachecóis
e quando vou dormir dá uma saudade danada de ir dormir bem cansada
e no estarrecer da manhã sentir um arrepio de frio quando tu levanta

O que acontece é que meus olhos já não perseguem mais outras moças e os teus me atravessaram
e quando vou pelas ruas é como se tu estivesse por perto mesmo de longe
e chegando em casa eu acabo por descobrir que casa só é quando você está

O que acontece é que minhas mãos já seguram o teu sorriso e minhas angústias tu já põe no bolso
e quando a noite fica pesada e os ares gelados me dá essas faltas das pontas dos teus dedos
e já amanhecendo eu percebo que te descrevi em milhares de frases curtas em textos longos

O que acontece é que tuas pernas já transpassam as minhas e não caminho mais sem teus pés
e quando tudo fica árduo e aparecem pedras quase intransponíveis você me ensina a chutar
e me dá uma vontade absurda de brincar de trocar caminhos com você

O que acontece é que minhas palavras já não bastam para encher as linhas de um caderno sem tuas canetas
e quando parece inverno com todas as dores tu reaparece com tuas cores e pinta de azul meu nariz
e me faz crer que nada mais existe além do teu sorriso primavera em flor

O que acontece é que desde que tu chegou não existe mais vazio e  o universo girou em torno de ti
e quando nada mais parece funcionar e a tempestade começa a surgir, você vem
e me faz entender que o bem só vem pra quem acredita no amor.

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