Dezenove anos, um mês e quinze dias.

Quando eu precisei de paz, você me ofereceu um Oasis em meio ao deserto arenoso no qual eu me encontrava há meses. Quando esperei por sinais, tuas luzes iluminaram um caminho esquecido dentro de mim. Esperei por teus passos, mas quem acabou seguindo os meus passos foi você. Procurei sentidos ocultos nos teus sorrisos de canto de boca, sinais de que houvesse um "não" perdido nas curvas das tuas covas, mas eram meus sentidos tortuosos que estavam sendo realinhados por tuas certezas. Totais e inteiramente sinceros quanto à meus olhos, os teus reluziam a cada sorriso meu. Subentendi com palavras bonitas na sacada do teu quarto tudo que eu sempre tive vontade de dizer, tudo que eu sempre tive vontade de sentir. As estrelas percorreram milhões de anos para enfim permanecerem sob nossos abraços naquela noite fria, onde percebi que viajei com elas até encontrar você. Dias atrás, ao ser perguntada sobre o tempo, respondi que faz sol aqui dentro, e não importa o frio quando você está (Ou quando tuas cobertas estão). We Can't stop. We won't stop. Percebi que por trás da tua armadura de cabelos negros escorridos e pele cor de cuia, há a indefesa leveza de ser inteiramente você e eu me orgulho de fazer parte da doutrinação de mulher pela qual tu tens corrido. Me orgulho de você em todos os sentidos. Lembro dos dias azuis, em que seu corpo longe do meu relembrava minha adolescência: Pura luz. Em meio aos dias cinzas, que traziam brigas infindáveis, te via forte. Te via inteira e absolutamente dona de cada sentido meu. Te vejo inteira e dona de cada sentido meu. Gostos peculiares circundam minhas escolhas musicais particulares, e hoje parafraseio cada sentença musical tua. Você me pergunta do dia, da cama, da cura. Lhe questiono do colégio, das ânsias, dos dias. Nós fluímos tão naturalmente quanto nossos susto ao percebermos que não estamos mais a sós na tua casa, e disfarçadamente você escuta cada palavra desconexa, carinhando tua gata. Fiz das tuas incertezas minhas paredes de escolta e construí meu mundo novo sob tuas cobertas quentes nas noites geladas de inverno em que passamos observando as tais estrelas que mandei embrulharem para presente, especialmente pra você. Teu sorriso, aquele de canto de boca, se tornou o abrigo para as dores que vieram a condenar meu mundo a pó, e pacientemente, você remontou migalha por migalha, matter of fact, você fez dos meus dias mais felizes... Você, tua sacada, tua lua, teu drama, minha trama pra te conquistar. Teu violão, minha preguiça, meus dedos, teu medo, tua delícia. Faço da tua grama uma cama para os sonhos de veranicos que prosam sob tuas costas milimetricamente desenhadas, teus olhos cor de vida. Tua força, empurrando meu barco oceano a dentro. Tuas poses, teus cheiros, apegos e passados constroem uma nova história, uma nova rima. Teus jogos, brinquedos, lábios, olhos puxados. Teu cabelo, o vento, minha vontade e tua destreza. Teus silêncios, minha inconstância, nossa riqueza. Teu para sempre, meu agora. Tua busca inquietante pela ausência de medo, finalmente alcançada. Tuas dúvidas de Caetano, teu encantamento com Chico. Minhas explicações falhas, nossas reconciliações. Nossa pequena grande história, minha nova velha mulher. Nossa bruta flor do querer, trazendo a beleza de sermos nós: a sós.




Comentários

Postagens mais visitadas