também tô com saudade de você, morena

Me ajeito de uma forma em que consigo alcançar teus olhos. Mal amanheci e já te contemplei junto com o sol. Será que há coisa mais bonita do que amanhecer em tua companhia? Talvez haja, mas a competição é acirrada quando a profundidade dos teus olhos mergulha na minha graça-tão-sem-graça nessas manhãs de domingo. Aquela leve inclinada para baixo com o pescoço, a mexida no cabelo e aquela - aquela- olhada de baixo pra cima tão cúmplice. Você me olha como quem pede pra que eu fique e eu, tão amante das letras, dispenso as palavras. Passeamos por nossos anseios, compartilhamos dos devaneios e já estamos derrubando mais uma parede para aumentar o banheiro do quarto de visitas. Eu canso de dizer que quero você no altar, com velas pelo chão e toda aquela história bonita da faísca condensada às alianças de ouro. Mas, percebo que pra isso preciso (e quero) que você esteja inteira no meu barco, enfrentando a maré. As árvores fecham o topo da floresta; as nuvens escurecem o céu; a lua se esconde atrás dos prédios. O ponto de vista é que precisa mudar, afinal, podemos fechar os olhos e pedir com fé mesmo assim, não é? Com essa fé cega eu disponho as minhas vontades em uma mesa, você escolhe uma carta, segura no meu ombro e eu piloto vida a dentro. Só peço por paciência, afinal, até nós demoramos pra ser, mas agora somos. Lembra? O nosso mundo vai girar pleno também. Você é um agora tão presente que até a tampa da caneta me faz lembrar que a sua cor preferida é azul. Azul cor de céu escurecendo, azul cor de mar em cima do morro. Azul da cor do meu olho quando olha no teu olho. Há ainda algo para se conhecer quando já se conhece até as rasuras amarelas do olho do outro? Das pintas -três-marias- banhadas de beijos? Você me conhece como nem eu mesma me conhecia. Eu já disse por que ainda faço questão de te dar flores? É uma forma de te pedir pra cuidar da vida delas como você cuida da minha. Pra te lembrar das manhãs bonitas e leves, como o cair de uma pétala da rosa-branca-não-clichê que eu costumo te trazer. Quero que sejamos o looping ao qual nos propusemos, já que demos tantas voltas até nos encontrarmos. O inverno está chegando, aquele julho sempre tão comprido também. Então, como diria o poeta: vem comigo, pro que der e vier, que eu vou colorir a chuva, se ela cair. Cantar contigo se o sol resolver sair. Caminha até onde a gente chegar, seja na praça, na esquina, no mar de qualquer lugar. Mas, caminha, ainda que haja esses dias brancos. Afinal, há esse canto, esse poema, essa história e esse tanto e tanto e tanto de amor.



Comentários

Postagens mais visitadas