abriu o mundo e pintou o céu

O carinho veio num puxão.
Puxão de orelhas
De pele.
 Puxão sem dó.
 Mas, até mesmo um puxão, é carente.
Precisa do toque
 precisa permanecer em tempo e espaço.
Precisa de
tempo.
 E ficaram ali,
 esmaecidos em carinho
os puxões dela.
 Puxavam a pele da bochecha
d i s t r a i d a m e n t e
 os olhos, na TV.
A cabeça metade lá,
metade perambulava
pelo carinho dela que
i
n
s
i
s
t
e

t
e   
m

n
  t

 puxava
e
pu...xava.
Há coisas que não acontecem quando acontecem.
 Uma palavra dita se perde no ar quando o ouvido não ouve.
Ela não acontece.
Um tombo do pedestre na rua que ninguém viu,
não acontece -
ou acontece?.
Tenho hoje inúmeros carinhos dela não acontecidos no corpo.
Carinhos que eu nunca senti
porque estava distraída no olho dela.
viajando no mundo
u n i v e r s o
inverso
do sossego que só habita
na nuca
dela
 carinhos que eu carrego,
carinhos que ainda acariciam a pele.
(s a u d a d e)
Tenho também os carinhos que dei
 e não lembro -
 estes assim que se entenderam como...
 caminho,
e se perderam no corpo dela. 
Ah
.
.
.
mas tem aquelas coisas que acontecem
 quando
acontecem.
 Os puxões dela, por exemplo,
que ainda se enroscam na peneira da memória
 e
coçam
a
pele.
Aquele carinho estranho
tamanho
de marcas profundas
 e motivos
(ocultos)
 ainda me inebria
contagia
e esquenta.
Amor.
Presente.
Repetitivo.
Parecia querer dizer algo,
 mas não disse,
 fez.
 Puxou
e
puxou
e
puxou.
i n c a n s a v e l m e n t e
 carinhou minha pele.
Abriu um céu
dentro
do céu
dentro
dela.
Ficou.

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