Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor.




Eles se olhavam com uma dor monstruosa. Por dentro dos olhos dela, ele enxergava uma tristeza enorme e não sabia como tinha deixado tudo chegar a esse ponto. Os olhos dele apelavam, suplicavam a estadia dela em seu peito por mais uma eternidade se possível. Se encaravam sem nada dizer. Ficaram assim por cerca de cinco minutos, até que o mais inesperado sorriso surgiu dos lábios dela. Ficavam bem sem dizer nada. Sofriam da mesma dor, a mesma ausência de liberdade que os afligia há dois anos atrás, mas agora ela era independente, madura, entendia que aquilo que não foi, não era pra ser e que aquilo que foi, tinha que acontecer exatamente daquela forma. Ele vivia se desculpando, pedia desculpas pela insuficiência dela dentro de si mesmo, causando essa necessidade absurda de estar com ela e saber se ela tá bem. No fim da noite, o frio do inverno se abastecia com a exatidão de que tinha chegado ao fim. Eram os mesmos beijos, no mesmo sorriso inocente de menino, mas ela não sabia mais lidar com as peripécias dele. Eles divagavam o que era aquilo tão forte-intenso-auto-destrutivo que sentiam. Seria aquele amor surrado, digno de um lugar ao sol depois de tantas rugas, de Camelo? Ou aquele sujo, lavado de suor, sangue e whisky de Caio?
Clarice falava que não sabia amar. Talvez amar seja não saber... ter essa eterna incerteza do que se sente, mas querer estar perto, junto, dentro, tão perto quanto o corpo físico não consegue permitir. Mas uma noite se passara, mais uma página do mesmo livro: Rabiscado, rasurado, sujo e com quase todas as páginas preenchidas. Mas sabe, dindi, quando acabar a gente compra outro e lê esse junto pra reescrever a nossa própria história.




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