Vou cantar quantas vezes tiver que cantar para ver teu coração curado.




Dentro do nosso pequeno casulo, encontrei um reino onde tudo é doce. Conheci montes inabitáveis, onde partes desconhecidas de mim habitavam uma pele macia e acolchoada de amor. Dentro de toda essa leveza, realizei os mais destemidos desejos, onde por horas a fio desbravei esquinas sombrias, dentro de mim. Cabelos enroscados, corpos embolados, ombro de consolo, pele em brasa, à orelha tão tua embriagada de amor, observando nosso agora, enquanto deixamos de pegar o trem para ficarmos à mercê, à espera do pra sempre na nossa casa de barro. À meia luz, enxergo teu sorriso incontroverso, sanando cada intempérie demarcada à unha em minha pele. Te esperava, pequena, sem nem mesmo acreditar em espera. Deixei de agredir o destino, afim de deitar mansa no sofá por sobre teu colo, cantando para curar teu coração. Fiz-me tua, a cada entrelinha destes textos mal escritos, nitidamente nervosos e ansiosos por mais um daqueles beijos da tua boca pequena e interminável. O cobertor frustra nossos anseios, fazendo-te minha ao amparo de teu sono. Suada, eu te contemplo, e em meio à saudade condensada a beijos, te protejo desse mundo meio breu meio mort, deixando as cortinas abertas, como merecemos. Te levei para rua, te mostrei o sol e te apontei a direção dos meus pontos cardeais internos. Arrazoada, fui teu sol. Te confessei juras, mundanas, bacanas, e teu colo, por fim, se tornou a abstenção das calamidades adolescentes provenientes de minha curta estrada. Falo como se tua estrada fosse a quadripartite da minha: tempo, experiência, foco e amor. Ora pois, tenho o amor, inteiramente e absolutamente teu, aceita? Entretanto, no resguardo de meus medos, te pedi o pra sempre afim de impor a finitude aos meus textos contraditos aos teus ouvidos. Quis em ti a certeza que almejo te escrevendo. Disseste, então, que poria o branco, e me encontraria n'aquele chão de areia, no domingo beira-sonhos que... ah, nem falemos do antes. Falemos do agora, onde teci planos, movi certezas, e cri. Cri àquela que cria ao amor, mesmo o amor já estando. Me ajoelhei e insisti nos teus mistérios. Pedi tua mão, te levando abaixo as nuvens tempestivas, secando tuas calçadas. Algemei teu destino ao meu pela fagulha de teu anel de ouro raspando ao meu, quando do toque de nossas mãos no altar. Inefável teu afago. Incomensurável teu sorriso. Vem, amor. Volta e vive essa juventude comigo. Delira no meu sonho. Sai do chão. Me cala a boca e me prende no teu abraço. Me embola de novo na nossa cama de risos e emaranha meus cabelos já contrapostos à tua pele. Pois, já descoberto o inferno dos dias sem sol, dos venenos dos olhos castos, das saudades infindáveis, entregue a vida está. Percebi então que, dos cabelos risos abraços amassos histórias memórias fotos nomes filhos cercas corações calmas afagos ânsias músicas estradas mordidas vindas idas côncavos convexos sapatos roupas ausência dessas finésse e falta de ar pela ausência de vírgulas, de tudo, tudo que eu poderia escolher gostar sobre nossos dias gastos, o que eu mais gosto em ti, sou eu.   



(Eu quero morar nessa mulher.)

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