Codinome Beija-flor





Como pó, hoje me desfiz em tuas mãos. Jamais cogitei haver momentos assim, dentro de nossa bolha de felicidade. Protejo teu nome como protejo a mim mesma, e por ora, tu deixou-me partir em segredos translúcidos de uma profunda dor. Onde estava você, quando longe dos teus olhos eu lhe esperava? Eras minha, ou eras apenas a flor que veio para confundir? Eu sei ser dura, amor. Mas de tudo que sou, escolhi ser tua. Escolhi ser nós, em forma de laço. Dispensei ser abismo, amor. Cansei de cavar para dentro de mim, e resolvi, por fim, pertencer a algo que ao invés de cobrir meus buracos, os preenchesse. Tu o fizeste. Como cada gota que jorra dos meus olhos, o rio por onde navego segue o curto das linhas de teu corpo. Não lhe condeno por amar demais. Em mim, és tudo. Presença na ausência, ninho do cabelo bagunçado, peito na sofreguidão. És a mãe das crianças tão minhas, companhia na tempestade, chinelo no frio. És tão somente meu espetáculo particular. Lhe condeno por amar de menos. Peço-te desculpas, pela ausência de nexo-causal em todas as exposições malucas que lhe faço noites adentro. Mas, amor, eu lhe mostro quem eu sou a cada sussurro ao pé do teu ouvido. A cada sorriso infindo, após o suspiro dentro do teu abraço. Teus braços, pequenos, se esforçam para circundar meu corpo, e tuas mãos ansiosas encaixam no vão de minha cintura. Senti-te minha, por todas as presenças, porém, em ausência faz-te inconstante de certezas. Não mais sei o quanto de mim, há em você. De ti, nada encontro afim de trilhar caminho persecutório aos cachorros e ao quintal, ao fim de tarde. De mim, agora tudo sabes, até a dor. Aguerrida, permaneço nas tuas ondas, já que tu és a minha. 

Agora, da saudade, sei apenas que é palavra esperando tua tradução.

Eu te amo.


(unfinished)

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