modificando os entrelaces pra você me perceber

licença, isadora. fiz das tuas palavras meu agora para te parafrasear.

tem dias que te olho e acho que tu não existe. será que eu tô triste ou ainda é estranho eu poder te amar (do meu jeito) e, mesmo assim, meu amor, tu ficar? faz tanto tempo que tu me deita e as andanças da vida te permitem por toda volta olhar. ainda assim tu escolhe ficar. te olho mais perto. até meio assim, de olho entreaberto, eu te acho feita de cristal. tu me parece tão real que às vezes me sinto banal tendo um amor que é tão fácil assim. tu mora em mim. metade de mim inteira te abriga no estalar da geladeira que na nossa casa não terá fim. tem dias que a casa é grande demais, te digo: fica aí, tudo que é pesado é fugaz. em outros a gente se esbarra e, confesso, que barra que é se acertar! tu é distraída e se esquece, mas me lembra e me aquece quando de noite é frio. eu insisto pra tu me abrigar, choro um rio. tu me abraça, acostuma com a minha fumaça, que de fogo não acende nem pavio. eu revolto e te brigo, te juro que não volto, mas no fundo não te solto e não dá dois minutos pra eu tá aqui. te peço pra abrir o portão de novo, daí que tu acende meu fogo, e não mais nos olhos corre o rio. acho que o amor é o vai e vem da lua no céu, daquele poema do Pessoa que eu colei na parede e passei pro papel, "em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive" ou vice-versa. era uma ideia de tatuagem, clichê à beça, que você me incentivou. a gente vê e não vê tudo que no dia a dia compartilhou. mas, mesmo invisível, o coração abarrotado de carinho, faz questão de transbordar amor. e nos mexe toda por dentro, faz alento, casa minha que tu já levou. e quando eu penso que no centro de mim é impossível mexer, tu vem pra me ser e sobrepõe qualquer nó. de tudo que não somos fizemos pó. do que não nos cabe, deixa a solidão assim: só. da distância, meu amor, fiz melodia em ré menor. às vezes trespasso a razão lúcida de ser, forma bonita pra dizer que um dia ainda vou adoecer. mas, no hoje-eterno, tu sabes bem me manter: e pra me desarmar, basta eu te ver.


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