agosto

até te conhecer, eu tinha pavor desse mês
agosto, cachorro-louco
ano todo num só mês
as pessoas me assustavam
e eu nem me perguntava
qual era o medo, quais os porquês

acontece que o céu de agosto clareou
e a vida em prosa se mostrou
como se num afago
nada mais precisasse ser dito
como se num olho só
o mundo fizesse sentido

passei a gostar de cordel
de lua cheia, de anel
mudei o jeito de falar e as pessoas pra conjugar
o tu já não era mais tão belo assim
ai de mim: que não abria mão do teu véu
já sem fim

acontece que julho passado terminou
agosto este iniciou
e tudo que se sabia, em poeira estelar se levou
de ausência a semana se fez
implorei pra que outra vez
pudesse sentir que não acabou

mas na verdade li que amor não pode acabar
que lágrima escorrida vira chuva
que o que foi bonito não muda
e que agosto ainda vai tardar
por isso em verso te escrevo, como num apelo
pra que tu nunca pare de me sonhar

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