in memorian

Volta  e meia me dá essas crises de ansiedade misturadas com uma ausência de ti, que só piora com o ideal de amor que eu criei em cima das expectativas que eu tenho pra nós dois. É, assim, fácil e complexo - o resumo da nossa relação desde o início. Desde aquela noite em que esses tais olhos "turmalina" - pedra muito negra - revelaram esse tal "amor por mim" nunca mais fui a mesma. Te procurei por muitas portas nessas ruas vazias depois da hora em que criança bem educada já foi pra cama. Me estreitei por entre livros que me faziam fugir da realidade e evitei conviver com a minha incapacidade de te apagar definitivamente, mas essa reviravolta na rotina -tão bem quista por tantos olhos- fez eu lembrar de planos falhos que deixamos para trás. Tenho me embriagado de angústia nessas madrugadas frias e te recontar aqui acalma um pouco essa necessidade de ti dentro de mim. Talvez seja só mais uma reafirmação do meu egoísmo ímpar, quissá um medo descomunal de perder a última parte que guardei tua dentro de mim, por isso, me privo da vontade de ouvir tua voz e tenho passado quase todos os dias na rua da frente da tua janela. É receio, meu bem, receio de não saber o que fazer quando for te falar que sim, de certa forma, tu ainda me faz ter vontade de ser melhor e de ser forte e que não tenho mais ficado triste quando lembro de ti, de mim, da gente. Que toda essa distância aproxima a minha vontade da tua e que de uma hora pra outra eu percebi que pode ser fácil engolir teu sorriso dentro dos meus dias nublados. Desperto desse calabouço de emoções perpetuadas e me arrasto demais tentando demonstrar que sinto demais ter te deixado se perder. É tarde, sei que é,  e como tu mesmo falou, eu durmo cedo, mas saiba que, é só pra sonhar um pouco mais contigo.