Eu vi quando a chuva chegou molhando as cartas que escrevi...

"O meu amor é aquele tal daquele beijo azul que Vinicius dizia, aquele que o céu e o mar davam. Meu amor é esse tipo de imensidão. Todo amor, se há amor, é esse tipo de imensidão. Mesmo que seja pequenino. Mesmo que seja delicado, frágil, feito a linha do horizonte." - Léo Fressato


Parafraseando Léo Fressato, passei a tentar definir as inconstâncias e declives desse tal amor. O meu amor é aquele tal encontro das águas que Vercilo dizia, aquele de águas turvas e sedentas. Meu amor tem esse tipo de força. Qualquer amor, por mais novo que seja, jamais será fraco. Todo amor, mesmo que distante, há de ter a constância do rio que encontra o mar. O meu amor é aquele manso que Chico dizia, aquele que é suficiente em si mesmo. Todo amor, por mais difícil que seja, traz a paciência da espera. Falhos aqueles que dizem que não se vive de amor. Vive-se sim, e arrisco dizer que apenas vive-se inteiramente, amando. Neste contexto, falo de todas as formas e cores radiantes do amor, não existindo hipérbole a alcançar tal magnitude. O meu amor é aquele divino e profano que Caetano dizia, aquele que traz a plenitude de sermos o que somos perante o semelhante, que nos decora os hábitos, os cheiros, os trejeitos. Todo amor, por mais confuso que seja, é um compilado de abstenções e acréscimos em nós mesmos. O amor nos traz a possibilidade de confrontarmos a nós mesmos, e nos vemos prontos a expulsarmo-nos de nós mesmos, para doarmo-nos. O meu amor é aquele tal que inunda que Bethânia dizia, aquele que afoga se não estamos prontos para nadar. Todo amor, por mais raso que seja, afoga, mesmo que estejamos prontos para nadar dentro do tal beijo azul. O meu amor é aquele tal de quando as carnes se tocam, quando as imensidões se encontram, quando as palavras falham, quando dois universos dão origem a uma catástrofe (mágica). Somos tão egoístas que quando amamos, amamos aquele que nos acrescenta, que nos faz melhores. Discordo da teoria das metades da laranja. Entendo amor como um constante atrito em busca da simetria, onde duas partes inteiras buscam o equilíbrio na balança da vida. Nada de encaixe, nada de metade. Somos inteiros à caça de outros inteiros, como a teoria grega de que teríamos duas cabeças e quatro braços, sendo fadados a vagar por aí após a tempestade, tentando encontrar o caminho de casa. É alma que casa. O corpo pode reconhecer o outro, mas é a alma que aponta a direção aos olhos do coração. Nem mesmo as mais bonitas palavras alcançariam a graça que sinto quando penso ter encontrado o amor tantas vezes nas esquinas da juventude. Ele assim, dentro de todas essas formas bonitas, já que aos cárceres, fiz-me prisioneira por vontade, e onde não mais me prendi, encontrei abrigo. Amar, então, tem essa sensação: a de voltar pra casa, a de encontrar o abrigo.


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