Casinha de morar pt. 2

Eu tenho um milhão e meio de defeitos. Sou imatura, infantil, sensível demais, mas, principalmente: eu penso muito nas coisas. Aprendi a me defender das pessoas, e hoje o faço sem nem mesmo ser atacada. Esse, amor, é um viés meu que eu demorei muitos anos pra construir, levando porrada em cima de porrada. Eu tenho mil histórias pra contar, de como fui, de quando era, e eu te peço paciência pra escutá-las, se possível, até o fim. Eu tenho dias de silêncio, tenho dias de quietude, e eu te peço calma pra entender que nesses dias eu talvez não queira ficar só, como você prefere. Eu sou inconstante como uma brisa, mas das minhas maiores certezas, tenho a de que você é meu presente, e já temos história demais para não ser futuro. Eu meto os pés pelas mãos quase sempre, e nessa dança juvenil, te peço presença. Presença pra que olhando nos teus olhos o mar fique mais calmo e a verdade apareça pra ti. Perdi a conta dos infinitos textos e cartas que escrevi falando sobre nosso amor, sobre teu sorriso e cabelos, mas dessa vez é sobre mim. Sobre como eu me enrolo toda e não consigo responder só "sim" ou "não" pra perguntas simples, fazendo uma volta gigante em volta da terra pra te dizer se eu realmente fiz ou falei algo que tu perguntou. É sobre como as minhas mãos suam quando vejo que pisei na bola por pura desatenção na hora de falar as coisas (por não ter noção de tempo e espaço e por não fazer a mínima diferença na minha cabeça). Aliás, eu sou extremamente desatenta e desastrada, mas isso tu já pode perceber. Por isso, te peço perdão pelas minhas desatenções com a gente, e por muitas vezes cobrar de ti coisas que só o tempo é capaz de construir. Sobre como o teu amor foi capaz de me tornar uma pessoa melhor e toda essa minha ignorância versa sobre eu ser pra você o que você é pra mim. Perco a fala, escrevo errado e lacrimejo na ânsia de te mostrar meu coração ancorado no teu peito, já que eu não sei quase nada desse mar. O que eu sei, pequena, é que só a nossa verdade é capaz de construir a fortaleza que nós temos. E eu tenho tentado acertar, mesmo que dessa forma torta e cuspida. A longevidade da história se dá pela certeza de estarmos a sós, com nosso amor, ainda que distantes e eu confesso, meu bem, preciso aprender a esperar. Preciso aprender a ter a calma de saber esperar. Nós somos o avesso da história, começamos a fim de um fim (feliz), diferentes de todos esses outros casais modernetes. Aliás, gostaria de dizer que eu erro muito, ainda, e como todo ser humano, eu falho e tento levantar apoiada em ti. Também te peço desculpas por isso. Percebi, ao longo desses meses, que a minha parede sou eu mesma (e só assim nós duas podemos nos suprir) e que, certamente, caso precise, você já sabe o endereço pra me encontrar. Afinal, quando a gente se encontra, é como voltar pra casa.

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