então é natal e ano novo também

Não queria fazer um desses textos típicos de final de ano, falando que o ano todo passou como um raio e blá-blá-blá. Mas fica impossível dispensar os clichês quando os trezentos e sessenta e cinco dias que passaram foram magicamente gloriosos. Um interstício dentro da galáxia que ainda temos para viver, repleto de novos planos, de viagens, de pequenos sonhos realizados. A metade de dezembro chegou e com ela a contagem regressiva para as promessas de sermos melhores. Melhores conosco e com o próximo, a partir do tal dia 1 (como um experimento de laboratório). Nesse ano, me propus ser melhor desde o dia 31. Comecei no meu hoje e, olha, deu super certo. O meu presente de 2016 foi a certeza de que eu posso alcançar o que eu quiser. O amor continuou bonito. O emprego agora é mais bacana. Construí uma fortaleza com o respeito da família. Encontrei uma nova família. Descobri uma nova paixão fazendo casa: viajar. Claro, tudo com um esforcinho básico para fazer a engrenagem funcionar, trazendo uma recompensa com laços invisíveis em fotografias e na memória. Histórias pros netos, mais uma vez. Quem diria que eu veria uma lua daquele tamanho de tão perto? Que meu coração continuaria parando quando ela mexe no cabelo contra o sol? Que a água da cachoeira seria sermão da vida pra ir mais devagar? O roteiro desse ano foi triste para a humanidade, no geral. Tanta guerra, tanto choro. Mas, acabou se tornando um ano de aprendizagem, principalmente para mim. O mundo se uniu diante das tragédias. O meu mundo se abriu para o novo. Aprendi a escutar. Me tornei mais paciente. Mais calada. Mais forte, talvez. Pensando aqui, é provável que seja a idade. Também me tornei mais dedicada, mais ambiciosa (no bom sentido). A vida é só um detalhe -aquela coisa de vinte segundos de coragem também se aplica ao cotidiano. Percebi que tenho quatro asas para o voo e que não mais preciso me preocupar com quedas bruscas. Obstáculos intransponíveis. Perdi muitos medos. Medos bobos, diga-se de passagem. Medo de ficar muito tempo sozinha, medo de grandes alturas, medo da rotina. Medo de perder, medo de não ser ninguém, medo de ser alguém. Virei uma dessas apaixonadas por rotinas-românticas-de-fim-de-semana. Dois mil e dezesseis me trouxe tanta gente nova e também levou tanta gente pra longe... Amigos pelo mundo, mas no quintal do coração. Amores eternos nos céus, mas no cantinho mais bonito da prateleira da memória. Tive a honra de amar incondicionalmente, intensamente, as pessoas que passaram pelos meus dias -e esse é um dos maiores motivos de orgulho desse ano-solar. Ah, eu aprendi a valorizar mais a ausência de planos. A vida vivida de manhã é mágica, em essência, pela pureza de somente... ser. Não se programa acordar, revirar na cama, pensar bobagens e ver um programa matinal qualquer. Mas o mundo se preenche de cor quando, lá no fundinho da poesia de sermos, encontramos a paz de uma manhã de domingo sem planos. Sem hora marcada. Sem compromisso inadiável, e isso me mostrou que o bonito se carrega no olho, não no papel. Dois mil e dezesseis me trouxe o saber esperar a minha vez. Dentro da derrota na busca de um sonho, encontrei a escada para continuar subindo mais alto. Tropeços e mais tropeços me levaram a puxar o freio e olhar um pouco mais de longe, a fim de ver o todo. Do meu lado, a certeza: fosse o caminho que fosse, caminharíamos em compasso. Posso esperar algo mais da vida? Como disse, fica impossível não relacionar esse ano com todos os clichês melosos que os finais-de-ano-saudosistas nos trazem. Pois bem, que dois mil e dezessete seja meu ano, mais uma vez. Nosso ano. Mais do que outra volta no sol, mais do que a lua passando por todas as casas astrológicas, dois mil e dezessete vai trazer a realização de um sonho gigante: a possibilidade de viver o novo. Que ele seja bonito. Que ele seja leve. Eu tô pronta.

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