descoloriu o cinza, em vinho pintou os dias




A luz se apaga quando se acende o silêncio.
Bem quando a boca se cala na ronquidão do teu músculo. 
Peito meu, ora teu, onde jaz meu inverno. 
Rogo aos céus e peço tu, que faças-te o eterno
pois quando partes
deixas o eco do desdito perpetuar austero


és assim, um sim
de nós na garganta, amuletos maias
um emaranhado de estradas transpassadas
um grito no vazio do silêncio
pós angústias aliviadas

na noite maldita
do dia maldito
com palavras mal ditas
foste a fé
o gume inverso da navalha

por ti, comigo, fui enfeite de deuses
um malabarismo de cores
num céu anuviado de cinzas dores
onde carinho teu
cantinho meu
aliviou, voou, eternizou o que já era
bem antes de começar a ser

Vieste como sanção
pena imposta a quem temeu amar demais
foste redenção
a afronta ao que julguei não existir jamais

de rimas pobres, perdoem-se os poetas
já não se fazem mais meus dias
corro na busca de palavras
anseio contra as apatias
como se nada fosse capaz de descrever
a pequenez
dentro da imensidão
que renasceu em mim



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