Teu coração bate no meu pescoço



Exibo orgulhosa, como medalha, a nossa gargantilha de dia dos namorados. Aquela, com um ponto de luz em pingente de coração que, com tanto cuidado, escolhi dentre tantas outras. Caminho de nariz empinado, com o coração entre os dedos, pois fui coroada a vencedora da corrida por você. Carrego nas costas longos e profundos doze meses, que foram leves como papel e fortes como metal (o metal do nosso anel) e essa gargantilha é o nosso prêmio por nunca amarmos de menos. É a tua presença em mim, na ausência. Nunca fui uma pessoa muito paciente, tampouco alguém que sabe lidar com distâncias, mas tenho dado o meu melhor pois eu estou com seu coração e não posso falhar. Ouvi, por esses dias, que quando se ama alguém, deve-se deixá-lo livre. Pois, aqui, ao sol, faço-me presa por vontade e quero que sinta-te livre o suficiente para voar até mim. Talvez eu não tenha deixado espaço suficiente na tua parede, que acabei enchendo de quadros, ou tenha exagerado na dose das memórias, mas esse é meu jeito torto de dizer que eu sinto a sua falta a cada noite mal dormida desse inverno e que eu te amo de um jeito louco que nunca me permiti amar antes. Escrevi cartas pra você lembrar desses dias de sol; cantei canções pra pedir que o céu azul se mova bem devagar; implorei por mais cinco minutos de conversa jogada fora como uma criança que pede colo; eu prometi não escrever mais sobre saudades mas é como se cada em cada frase eu caçasse seu nome entre as letras e acabasse encontrando um vazio enorme de quem quer presença e não encontra. Não porque você não esteja, mas porque a estrada está e já são quase três mas, vejo o reflexo da tua gargantilha no celular enquanto escrevo e, como um passe de mágica, fecho os olhos e você me abraça, em silêncio, cochichando que também sentiu minha falta. Agarro com força sua mão, e choro baixinho de felicidade, por saber que você está, por saber que você é, por saber que você nunca deixou de ser, por saber da sua saudade.


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