Desenrola, carretel.




Tenho andado na contramão. Aliás, na contramão e na corda bamba.

O clichê dos meus dias adornados a cafés sozinha e esperas indefiníveis, prossegue alentando tua frieza interminável, teus olhos de escudo e teu sorriso doce. Minha esperança incansável, faz com que esse passado que tu tanto teima em lembrar, se queime dentro dos primeiros raios de sol dessa manhã morna. Estamos juntos, não estamos? Se não estamos, em outras vidas estivemos, e se não ficarmos nessa vida - por puro e total descuido da tua mentalidade bukowskiana - hemos de ficar em outras vidas mais. Mas o problema maior não se torna teu desinteresse por um futuro "com esperanças caseiras". O problema maior é que, hoje quando acordei, criei um você e comecei a esperar tua perfeição, que vem em textos bem construídos e surpresas infindáveis. Que vem em desaforos, desforras e silêncios. Que reaparece nas noites frias quando tu me pedes pra iniciar algum texto teu. Você se tornou um paradigma incontestável: Sim, redundante, assim como você. Talvez você tenha um amor em algum caminho torto por aí. Talvez o amor tenha queimado teus passos na tua procura por ti mesmo e você o abandonou. Te recito baixinho o que trago comigo: "Baby, não é o amor que dói, é a falta dele." e amor eu tenho sim de sobra,  misturado com um desejo enorme de perseguir os mistérios dentro de ti. Pode ser cedo pra dizer tudo isso, mas, sinto que te conheço há anos e minha procura nesse mundo é por ti. Me afundo agora em um Chico Buarque qualquer e grito que é amor. É uma forma de amor. Em um todo, não se julga o amor pelo tamanho da dor. Dores eu tenho de sobra, mas, as transformei em vontade de amar mais. Talvez seja puro masoquismo essa confusão: Querer amar sabendo-se há o sofrer. Querer sofrer, para poder amar novamente amanhã. Mas-todavia-conquanto-porém luto pelo maior dos clichês dos meus dias clichês: o amor vale à pena! O amor não repreende, não julga o porquê de amar, não entende o porquê de não amar. O amor busca n'Ele mesmo o entendimento. Amar é simples. Amar é dar a cara a tapa, esperando que o tapa venha e arrebate, reescreva caminhos, inunde, mas de forma alguma dá um passo atrás. Já dizia o poeta: Consideramos justa, toda a forma de amor. Amar o amor é mais do que esperar, é mais do que entender, é mais do que achar. Amar o amor é aceitar a parte do outro dentro de si mesmo. É querer a tempestade que o outro traz. É enaltecer o quão grande nós nos tornamos quando transbordamos de amor.

Noite passada tu me falaste que abriu livros demais, e com isso fechou o coração. Me coloco no teu lugar, e te respondo: Cada livro, cada palavra, cada texto, aguçou essa minha vontade de amar. Lemos os mesmos livros! Como é possível que você não se permita redescobrir um mundo dentro dos meus olhos, que tempos atrás seriam teu céu? Acendo o último cigarro, com o frio que tem feito nesses últimos dias, o aproximo do peito na esperança de que o calor da brasa esquente o que por hora, você se recusa a esquentar. 

Baby, preciso descansar.
(E teu peito poderia muito bem ser a minha moradia).

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