4,5° no olho esquerdo, ou seria direito?

Agora vou escrever sobre você. Você que não é o protagonista do uva e vinho, nem da noite de chuva onde achei que havia descoberto o amor. Você que não corresponde às músicas tristes, ou às noites de insônia. Você que não fez parte de nenhuma listinha ou ambição até agora.Você que chegou tão manso quanto foi-se embora a saudade das coisas que havia vivido até aquela noite, em que os calos do passado me incomodavam como nunca. Eu realmente não queria escrever pra você, afinal, através de músicas nos comunicávamos desde então, e essa seria a marca registrada do nosso não romance.
Alguns dias, meses ou anos se passaram. Nunca tive a real noção do quanto as proporções de tempo e espaço influenciam o ser humano até envelhecer 20 anos ou mais nos últimos meses em que boa parte de mim foi embora. Pois bem, formei-me no interminável curso de inglês and no, I don't know everything about english, mas você me trazia uma serenidade quando me buscava, que há meses não sentia. Os caracóis, que você tenta bravamente evitar em seus cabelos loiros, brindam a chegada do novo em nossas vidas. Tu me contaste que assim como eu, passou pelo fogo e agora não se queima mais.. te recito bukowski baixinho: "What really matters is how you pass through the fire..." (ou algo assim), mas você assimila bem, e diz que apesar do pouco tempo, não entende como existia vida antes de minha chegada aos seus dias escuros. Mal tu sabes, que vivi na escuridão por tanto tempo, que o caminho da saída foi iluminado por seus olhos azuis. Aliás, compartilhamos de muitas outras características além dessas, físicas: Os astros contemplam e regem nosso entendimento, pois nada eu seria sem um paraíso astral. Nas noites frias, as músicas maravilhosas e inacreditavelmente desconhecidas embalam a vergonha ainda presente em nossas palavras. A paciência da espera, a tristeza nas lembranças, os filmes dramáticos e bacanas, Caetano. Você é tudo babe, e ao mesmo tempo não o deixo ser nada. Trago palavras bonitas no bolso, e você tem a vontade de sabê-las. Mas baby boy, são tantas vírgulas, que não posso te deixar encontrá-las, apagá-las e reescrever as frases, pois ninguém pode corrigir a história/estória e acredito não estar preparada pra isso ainda. Entretanto, te deixo tentar começar um novo parágrafo, pois tu me falaste de tempo, do espaço-temporal onde problemas não existem e onde encontramos a felicidade. Acredito que esse espaço exista dentro de nós mesmos, mas se equipara a dor. Por isso nunca somos plenamente felizes, sempre buscamos algo ou alguém. Carecemos de atenção e abrigo, brigas e saudades para equilibrarmos as coisas. Pois bem, deixo-te continuar minha frase: O tempo te trouxe, continue...

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 Aí eu escutei essa música, e não consegui escrever mais nada além de: É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã (e me permiti).



(shouldn't hurt, no more)

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