A porta esteve aberta o tempo todo.




Até ontem, eu não sabia que coração doía. Uma noite fria, garrafas vazias no banco do carona e meu amor por ti vagando nas ruas desertas, indo de encontro a minha própria solidão. Tu, na casa aquecida, envaidecida pelo amor que tu escolheste, contemplava meu desespero com o costume rotineiro. Desfez em meias palavras o discurso de horas atrás, que havia marcado a ferro na pele. Me provou que o pra sempre engana. Teus olhos castanhos desviam, se resguardam dos meus, evitando quaisquer situação embaraçosa com teu novo amor. Por isso, desatei os nós de minha garganta perante a espera: Bebidas geladas são a solução para uma alma perdida. Tarde da noite, levantei a âncora que me atracou em teu cais e chorei, como há tempos não chorava. Gritei aos quatro ventos a anuência de teu amor. Já tardava tua volta, mas não aguardava tua partida. Somei meu amor ao teu, e aprendi que não se ama sozinho. Com metade do coração, percebi que boa parte de mim te pertencia, e palavras não foram suficientes para te acalentar em meus braços novamente. Nem o amor, nem a história, nem meus olhos foram suficientes, e agora na cidade há uma rua onde eu não ouso mais passar.

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