Com dois canos para mim apontados, ousaria te olhar

Olhos castanhos: Tu me bagunças. Coloquei Vanessa da Mata baixinho, para espantar tua voz de dentro de meus ouvidos... Mas ela era nossa, lembra? Ilegais. Dediquei-te ela por tantos anos, tantas manhãs frias. Cigana? Presa pela magia de tuas vontades, olhos castanhos. Pensei em escrever-te e descrever-te nesses versos, mas ao lembrar-me de nós recordo-me apenas de teus olhos castanhos encarando os meus, buscando o último resquício de amor dentro de minhas entranhas. Lembro de tu elogiares minhas sobrancelhas, Deus quem presta atenção em sobrancelhas?! Olhos castanhos prestava. Alisava, me cobria. Talvez não estejamos preparados para deixar o amor partir, pois partiremos junto com ele. Sabe, olhos castanhos, na noite em que embriaguei-me de saudades, percebi que tu não estavas mais aqui, e que quando tu falavas de prioridades, tua maldade vinha veloz, fugaz. Te percorri em tantos corpos. Tentei ser alheia a tua vontade, e não estou pronta para lhe soltar. Sei que tu estas, já o fez. Mas dessa vez, senti-me diferente de todos os outros pontos finais que botei em nossa história. Senti-me morta, ao pensar que tu te vais. Teus medos eu conheço de cor. Tuas curvas, tuas derrotas e fracassos. Tuas vírgulas. Teu complexo. Teu recôncavo e reconvexo. Tua dor. Sinto a ausência de tuas palavras, de tua alegria. Te bagunço, mas te leio e tenho pena dela, que nunca vai te ler como eu.

Acho que esse é o amor que comentam nos livros didáticos, não?
amor |ô|  (latim amor, -oris) s. m.:

1. Sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atracção; grande afeição ou afinidade forte por outra pessoa 

2. Ligação afectiva com outrem

3. Ser que é amado.

4. Disposição dos afectos para querer ou fazer o bem a algo ou alguém

Espero um sinal teu. Desculpa.